22 de setembro de 2011

... e os autarcas remetem-se ao silêncio


Apanhando os presidentes das autarquias à saída de uma reunião da AG da Vimágua, onde são colegas de elenco, procurei obter esclarecimentos ou comentários às queixas dos organizadores da Capital Europeia da Cultura (que o estimado leitor pode conferir no post anterior).

Abordei primeiro o autarca de Guimarães, mas deste não obtive rigorosamente nada, excepto a explicação de que se encontra em voto de silêncio, "como é do conhecimento geral". 

De seguida tentei ouvir o edil de Vizela, que entretanto esperara de pé “para não se cansar”, mas também este afinou pelo mesmo diapasão, isto é, declarou que nada tinha a declarar.

Tanta solidariedade comoveu-me mas pareceu-me estranha. E, se do primeiro aceitei os motivos, quanto aos do segundo, achei melhor investigar. E, ao que logrei saber, DC foi aconselhado a esquivar-se a declarações públicas durante uns tempos "para evitar mal-entendidos". É que, segundo se diz, o Tozé não ficou nada satisfeito com o autarca vizelense (a única coisa que os liga é a antipatia mútua ao Assis) e chegou a repreendê-lo ao telefone: “Ó Costa, mesmo que tivéssemos encenado uma mudança de rumo para a esquerda, para nos distanciarmos das ruinosas políticas liberais do engenheiro, isso não quer dizer que devemos passar a citar Mao a torto e a direito… desse modo ainda nos confundem com esses grupecos radicais como o MRPP e outros que tais…” 

E assim, de um para se defender de explicar as contas, as trocas e os vencimentos chorudos dos membros da FG nesta altura de crise, e do outro para conter o alarde de erudição súbita que está a causar inveja a muito boa gente, acabamos por ficar às escuras quanto ao assunto que interessava. 

Mas nem tudo é mau, se, como diz o ditado, o silêncio é de ouro, brevemente teremos as duas autarquias a nadar em dinheiro e de uma assentada resolverão os respectivos desequilíbrios orçamentais. Assim seja!

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Organização da Capital da Cultura assustada com a concorrência...


Em conferência de imprensa destinada a efectuar o balanço da recente Feira Afonsina e a divulgar novas actividades, um dos membros da organização não se coibiu de demonstrar o seu desagrado com a concorrência de Vizela, assim como a sua preocupação com o êxito de futuras iniciativas.


O responsável afirmou que, no seu entender, a série de eventos que ocorreram em Vizela no passado fim-de-semana não foi obra do acaso e serviu, não só, para retirar público mas também brilho à Feira Afonsina que nesses 3 dias decorria em Guimarães. Informou que tem conhecimento de que, pelo menos, 4 autocarros de visitantes japoneses esperados em Guimarães se dirigiram para a cidade termal, onde assistiram ao Vizela Hair Concept e aproveitaram para se abastecer de artigos a excelentes preços na Feira dos Stocks. Além de outros que fartos dos sons medievais foram ouvir o roncar dos bólides que disputavam o slalom de Vizela nas ruas do Fórum.
O membro da organização disse ainda que a simultaneidade de tantos espectáculos “para cúmulo, até o Vizela jogou em casa...” aliada ao facto de não existir sequer uma referência à Feira nos órgãos de comunicação vizelenses, “em que até a actuação do Canário no Multiusos foi motivo de realce… para não falar do destaque que deram às corridas de cavalos em Candoso ou ao encontro dos ex-militares em Braga” é, no mínimo, estranha.

Referiu também que nenhuma das iniciativas vinha anunciada na Agenda Cultural da CMV, a qual tinha sido devidamente consultada e, é claro, levada em linha de conta no agendamento da actividade.

“Este golpe obriga-nos a rever toda a programação que tínhamos idealizado. Pensávamos, no próximo mês de Novembro, recriar o terramoto na esventrada praça do Toural mas acabámos por desistir. É que, em Vizela, se eles se lembrassem de nos roubar a ideia, tinham muito melhores condições- basta passar e ver os terrenos das antigas fábricas da Caravela e das Sedas…“ . 
“Esperamos, é que, para o ano, a CMV não se lembre de montar o palco na praça e organizar espectáculos semanais com os irmãos Peixoto. Seria a ruína da Capital da Cultura…”, desabafou.

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17 de setembro de 2011

Zanga de confrades, ou de como o bolinhol pode azedar



Depois de ter atingido o ponto de caramelo a discussão do bolinhol, como já é conhecida, parece encontrar-se neste momento a cozer em lume brando. Recorde-se que em finais do mês passado esta questão foi um dos temas mais comentados cá na terra quando se tornou conhecida a decisão judicial acerca das pretensões de duas casas confeccionadoras e comerciantes do referido bolo. E se o juiz não deu razão a nenhum dos reclamantes também a discussão pública não serviu para aclarar o problema.

O L&T, no sentido de pôr um ponto final no assunto, solicitou um estudo a dois egrégios vizelenses, que já deram avolumadas provas de rigor no estudo de outros assuntos da nossa história: o senhor Manuel Campelos e a doutora Maria José Pacheco. Mas, ou porque se tivessem extraviado as missivas ou por falta de tempo, ou por manifesto desinteresse dos requestados, ainda não vi em nenhum dos semanários onde costumam escrever, qualquer referência ao tema.


Assim sendo, não tive outro remédio senão socorrer-me da memória dos mais velhos que na praça desfiam recordações. Mas também deles não obtive prova que legitimasse qualquer das facções. A única conclusão que retirei foi que uma das casas sempre foi conhecida por ser uma espécie de almofada ou desvio de emergência dos autocarros a que falhavam os travões na descida da avenida, e a outra a sede das reuniões conspirativas do MRCV. E, já agora: “é uma pena que o preço do produto seja demasiado caro para o rendimento de um reformado”. Nenhum deles argumento histórico ou gastronómico pertinente para a questão em análise.
Apesar de tudo não quis dar o assunto por encerrado. Admiti que faltava uma opinião avalizada de algum vulto proeminente, o que nestas notícias cai sempre bem. E lembrei-me de recorrer ao presidente da autarquia, que, até pelo facto de pertencer à confraria gastronómica do pão-de-ló tradicional, poderia ter uma palavra dizer ou até alguma citação de Mao Tse-Tung apropriada para o efeito. Mas o edil, ainda exaurido não só do estudo dos dossiers a que se dedicou no período de férias como da longa entrevista a que se submeteu recentemente, declinou o convite e remeteu-me para o vereador VH Salgado, apontando-o como um “perfeito conhecedor dos meandros do problema”. Este, no entanto, despachou-me num ápice, afirmando estar enjoado, não só da polémica como do próprio doce. E tendo acrescentado que aprecia mais outras iguarias, demonstrou-me, através do registo de chamadas, como foi um fervoroso apoiante do pastel de Tentúgal, no recente concurso da RTP. E o registo não mente: 14 sms no espaço de 5 minutos.

Ah, como eu o compreendo! As saudades que deve ter de Coimbra e da rebaldaria dos tempos académicos. Na verdade deve ser custoso passar de presidente da maior associação académica do país, e reconhecido líder da contestação ao governo da altura, para um simples yes man ao serviço de uma autarquia de 3.ª ordem. 

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4 de setembro de 2011

Correio dos Leitores


Recebi, pela posta restante, uma carta que, sensibilizada, passo a transcrever.

"Cara Clarinha,
Sabendo da proximidade geográfica existente entre as nossas cidades, havendo inclusive a possibilidade de a breve trecho o concelho onde reside voltar a ser anexado ao meu, não posso deixar de tecer o seguinte reparo:

Tendo na minha cidade ocorrido recentemente acontecimentos dignos de figurar no seu blogue, sem sequer ter a necessidade de os caricaturar, como por exemplo, o imbróglio da formação, destituição e remodelação do elenco da FCG, entidade responsável pela organização do grande evento GCC 2012, ou a invasão do treino pelos adeptos vitorianos brindando os atletas com estaladas, empurrões e outras manifestações de apreço pela carreira do clube, para não falar da singularidade do dialecto utilizado pelo ex-treinador do clube, não posso deixar de estranhar o silêncio do Letras&Tretas em relação a estes assuntos.

Por isso, e na estrita observância das regras de boa vizinhança, rogo-lhe que, levando em consideração o exposto, dedique alguma da sua atenção a esta cidade e aos acontecimentos que nela têm ocorrido ou venham a ocorrer.


Atenciosamente.
António M.


Caro leitor,
Fica registado o reparo. E prometo que, embora este blogue não tenha pretensões de ultrapassar o âmbito local, desde que a oportunidade se manifeste não deixará de se alimentar dessas fontes, que ou muito me engano ou ainda terão muito para explorar. Quanto à parte da anexação, vejam lá se querem ficar sem comboios para trazer os visitantes para a grande feira de 2012. E já não devem ir a tempo de construir um aeroporto… Até porque depois de pagas as indemnizações à Cristina Azevedo & Cia, e das toneladas de cimento que estão a despejar na cidade, não vos há-de sobrar muito dinheiro. 

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