26 de outubro de 2011

O espírito da Maria da Fonte renasce em Vizela...165 anos depois


É uma vergonha! - foi assim que uma das mulheres vizelenses demonstrou a sua indignação face ao “rol de putativos, uns previsíveis e outros nem tanto, candidatos” à CMV, aparecido num conhecido blogue. Com efeito, a lista de aspirantes ao cargo do Dinis Costa, elaborado por um analista da nossa praça, inclui apenas 2 mulheres no lote de 24 nomeações.


Numa clara demonstração da força do género, um grupo de mulheres vizelenses, que integra personalidades de diferentes quadrantes políticos e de variados estratos sociais, decidiu, de imediato, formar uma comissão ad hoc para responder ao que consideram ser um desaforo e uma afronta aos direitos das mulheres. 

Na reunião, em que tomei parte e cujas conclusões subscrevo na íntegra (embora faça o relato na terceira pessoa para dar um ar mais credível), todas foram unânimes em “repudiar o machismo e a discriminação de que o post é reflexo”, que “ainda povoa a mente da maioria dos homens vizelenses”. “Nem aos 33,33 % temos direito?”, foi o argumento mais ouvido. 

Num clima de euforia e de revolta, várias intervenientes declararam-se espantadas com o autor do artigo, “vindo de quem, afirmando-se revolucionário, devia demonstrar uma abertura de espírito e uma visão das coisas menos retrógrada.” Houve até quem declarasse sentir-se profundamente desiludida: “o Zé Manel que tanto recorre às mulheres para dar cor ao blogue, na hora da verdade, faz como os outros - empurra-nos para a cozinha.”


Tomando a palavra, uma das participantes, referiu que “se dizem que atrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher, nunca se ouviu dizer o contraponto vice-versa”, o que quer dizer que “as mulheres dão bem conta do recado, sozinhas”. E “em Vizela, que se orgulha de ser uma cidade toda prafrentex, a discriminação de que somos alvo é uma vergonha. Basta analisar a composição dos órgãos sociais de qualquer instituição vizelense para chegar a essa conclusão”. E rematou da seguinte forma, coroada por um estrondoso coro de aplausos: “ se fosse uma mulher a gerir o erário municipal, aquilo não tinha chegado ao ponto que se sabe…”.

A indigitada porta-voz, uma das raras mulheres que ocupa um cargo de destaque numa associação local, onde para as outras estão apenas reservados os lugares de secretárias e de meras figuras decorativas, anunciou, por fim, que da reunião iria sair um protesto endereçado à CIG e ao Parlamento Europeu. “Já é tempo de exigirmos uma representação equilibrada entre homens e mulheres em todos os domínios da decisão e Administração Pública, como consta do Plano Nacional para a Igualdade.” E o que a lei diz, é: “O IV Plano Nacional para a Igualdade, Género, Cidadania e Não Discriminação, 2011-2013, iniciativa da Presidência do Conselho de Ministros através da Secretaria de Estado da Igualdade, é o instrumento de políticas públicas de promoção da igualdade e enquadra-se nos compromissos assumidos por Portugal nas várias instâncias internacionais e europeias, com destaque para a Organização das Nações Unidas, o Conselho da Europa e a União Europeia.”

Agora, falta averiguar em qual das “90 medidas estruturadas em torno de 14 áreas estratégicas” do IV Plano Nacional, se insere a infracção. E também não se sabe se, com a queda do governo ou por imposição da Troika, o plano continua em vigor.

Sabe-se, é, que até ao momento, não houve reacções oficiais. No entanto, a Marisa Matias já fez saber que irá dar um valente raspanete ao professor quando o encontrar no próximo congresso do Bloco. Pois é, professor, vá preparando as orelhinhas!


PS- Para não julgar que falei de cor, caso o meu caro leitor se interesse pela coisa e queira obter mais informação sobre o tema, pode consultar o portal: http://www.cig.gov.pt/

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23 de outubro de 2011

Rotary Club de Vizela quer instituir o Dia da Reconciliação Local


Por iniciativa do Rotary Club, uma instituição especialista na defesa das nobres causas, aguarda-se para breve a realização na nossa cidade do dia de reconciliação local. Importada de Angola, onde alguns dos nossos empresários construíram carreiras de sucesso, a celebração visa, nas palavras do companheiro-promotor, “ultrapassar diferendos, sanar divergências e resolver questiúnculas que ameaçam a unidade vizelense e se têm revelado nefastas para o desenvolvimento local.” E acrescenta, citando Rui Veloso, “temos a certeza que muito mais é o que nos une, que aquilo que nos separa.”


Na reunião da passada quarta-feira, discutiu-se o assunto mas ainda não há conclusões. Não só quanto à data, como quanto à forma de que se deve revestir a festa. Um companheiro, ligado à coligação, fez saber que se ocorrer num dia de semana, não vão poder participar, porque fazendo suas, as doutas palavras do seu líder: “Os vereadores da Coligação não podem estar presente em iniciativas que se realizam em dias de trabalho. Temos as limitações próprias de quem trabalha e tem um horário de trabalho.” 

“Ora, como pretendemos obter a mais ampla participação, tentaremos escolher um dia que permita a todos a sua celebração. Já sondámos o presidente da câmara que se mostrou receptivo para, em qualquer data, encerrar as ruas necessárias e pelo tempo que for preciso” – acrescentou o companheiro.


Também quanto à forma de comemorar há várias hipóteses (literalmente) em cima da mesa.
Houve quem propusesse um desfile conjunto de fanfarras, quem alvitrasse um lanchão (lanche gigante) no parque, composto de bolinhol e do famoso vinho apadrinhado pela nossa câmara, até houve quem se sugerisse uma caçada em conjunto aos pombos do hotel. No entanto, a hipótese que, no momento, reúne mais consenso, é a de uma marcha (lenta, como convém) pelas ruas da cidade, seguida de um banho – uma espécie de baptismo - nas águas da nova praia fluvial. Que, a acreditar na versão oficial, lá para Dezembro, estando o bar concluído, a eficácia do sistema de tratamento de águas rectificada -e mantendo-se a alta de temperaturas, anormal para a época do ano - deve estar na plenitude de condições e, inclusive, já deve ter a bandeira azul. 


No desfile marchariam todos os indivíduos ou representantes das forças da terra, que por uma razão ou por outra, se encontram desavindos e que por sua livre e espontânea vontade, aproveitariam a iniciativa para pôr fim aos respectivos diferendos, demonstrando, para todo o mundo, a fraternidade que caracteriza as gentes de Vizela. E que os desacordos são apenas pontuais e não passam de pequenos fait-divers.

Isto, sim, seria bonito de ver! Não apenas o mergulho suicida, mas também o ensejo de testemunhar o espectáculo que seria ver o Dinis e o Miguel ( e quiçá, o João António e o António Manuel, o Alberto Fernando e o Paulo Alexandre, o P. Machado e o Arménio Costa, e tantos outros, meu Deus!, que até lhes perdi a conta!) a sorrir, de braço dado, e a atirar beijinhos à populaça.

Entretanto, apurei que secreta e paralelamente, está em preparação uma manifestação de ex-trabalhadores das Sedas, do Varela Pinto, da Caravela, da Garça, do Gui, e de outras empresas extintas e/ou refundadas, os quais, por se terem contentado com “o pão-nosso de cada dia”, ou antes, "com o pão que o diabo amassou", ainda estão à espera de ver devidamente reconhecido o contributo que deram para o desenvolvimento desta terra.

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8 de outubro de 2011

Desesperado Q.B., FCV procura primeira vitória


Impaciente em obter uma vitória que permita à equipa fugir dos últimos lugares, Quim Berto pensa ter encontrado a solução para o problema que lhe vem perturbando o sono e o devido gozo do estatuto alcançado. É verdade, que se trata de uma experiência arriscada - diferente da vulgar, e nem sempre vantajosa, troca de treinador. No entanto, o jovem técnico acredita que lhe pode trazer os resultados pretendidos.

Mas vamos por partes…



Após quatro jornadas, em que logrou dois magros pontitos, o técnico, desesperado, reuniu com o staff técnico, na procura de soluções. Feita a análise do plantel, reconheceram-lhe não só uma verdura exagerada mas também a falta de goleadores. Convencidos de que não podem esperar, de Braga, nem bom vento, nem bom casamento, equacionaram, numa primeira hipótese, recorrer a antigos atletas do clube que pudessem dar uma ajuda de pro bono. Ou seja, fazer uma perninha aos domingos e serem recompensados com as ovações e os aplausos de que já sentem falta. Mas dos três que apareceram, nenhum estava em condições de, no imediato, ganhar lugar no onze. “Gordos como vacas… nem os equipamentos lhes serviam… deviam ir mas é para o Peso Pesado...!”, desabafou o treinador.

Assim sendo, e sem dar cavaco a ninguém, o técnico decidiu consultar o velho mestre, raposa matreira, perito em questões tácticas. E também celebrizado pelo admirável uso de cambiantes linguísticos e excêntricas construções perifrásticas. O qual, refira-se, embora sem pertinência para o assunto que nos interessa, se dedica actualmente, na falta de melhor ocupação, a elaborar um obra literária intitulada, “Manual de Réplicas Desconcertantes a Quesitos Boçais – O manuel-machadês ao alcance de todos”. 

Inovador como sempre, o professor aconselhou o discípulo a ensaiar o esquema que valeu ao seu Vitória a única vitória no campeonato. E explicou, cientificamente, aquilo que todos viram e que julgaram tratar-se de hooliganismo simples. A manobra consiste numa invasão do treino por alguns indivíduos, supostos apoiantes do clube, que, por entre bocas, tabefes e biqueiros, assustam os atletas, provocando-lhes um aumento súbito dos níveis de adrenalina, capaz de produzir, no breve prazo, proezas inesperadas. “Mas atenção, que os pressupostos subjacentes apenas asseveram um nexo positivo de causalidade num plano temporal reduzido. Outrossim e caso os argumentos se colocassem numa esfera divergente, o Vitória almejaria, no presente, a inclusão no agregado de equipas que projectam a preeminência no arrolamento classificativo e encontrar-se-ia dissociado da excruciante conjuntura inerente às colectividades que se quedam na parte terminal da tabela.”, rematou.

Quim Berto, arrebatado pela magnitude do saber do mestre ou apenas atordoado com a esdrúxula linguagem, decidiu, de imediato, passar ao plano prático. O que nem foi difícil, pois os seus bons conhecimentos da realidade vimaranense permitiram-lhe rapidamente identificar os indivíduos certos e já calejados da intervenção na Unidade. Todavia, ciente dos riscos que a operação envolve, optou por comunicar antecipadamente a intenção ao seu presidente e a Agostinho Oliveira. Este, porém, torceu o nariz e exprimiu certas reservas, demonstrando, nomeadamente, o receio de que a bem conhecida animosidade entre as forças envolvidas, possa estimular nos invasores uma dose extra de motivação capaz de encolher ainda mais o lote de atletas disponíveis. E tranquilizou o treinador, dizendo para este não se preocupar demasiado com a falta de pontos” pois, independentemente dos resultados, para o ano arranja-se sempre um lugarzito, lá por Braga…”.

Contudo os argumentos não convenceram o jovem treinador, para quem apresentar resultados positivos, no primeiro ano de actividade é, mais que um imperativo profissional, uma questão de honra. E, cansado de esperar pela decisão do presidente do clube, ciente de que o tempo urge, o técnico confidenciou-me estar disposto a avançar sozinho e a pôr o plano em prática. Só não diz quando, “para não estragar o efeito-surpresa.”

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7 de outubro de 2011

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce…” - A propósito do aniversário do DDV


O DDV fez 7 anos de vida e o L&T associa-se à festa e endereça ao seu Fundador, Director e proprietário muitas felicidades e muitos anos de vida. Como não podia deixar de ser, que nós, os escrevedores, temos de ser uns para os outros. E, se não ajudei a soprar as velas, não quero deixar de o parabentear, dedicando-lhe alguns versos de um poema, entremeados pelo texto.

Podem acusar a Clarinha de muitas coisas, nunca de ser ingrata (quantas vezes não bebi nas páginas cristalinas do DDV a inspiração para os meus pobres posts). Quanto do que eu escrevo não é uma réplica ou uma imitação do humor marquesiano? Ensinaram-me de muito nova que não se deve cuspir no prato em que se come (neste caso, na taça onde se bebe), eu faço por cumprir. E, agradecida, fico feliz com o sucesso dos outros.

“Nem tenho versos, cedro desmedido/da pequena floresta portuguesa…”

Aquietada, após saber que neste ofício não há concorrência, e que sobra espaço para todos, porque não há dois órgãos iguais, a Clarinha sente-se, de alguma maneira, realizada por contribuir, também ela, para o progresso da sua terra. Possivelmente não o fará da maneira mais correcta, louvando e agradecendo a torto e a direito (pois só deve lealdade aos seus casuais leitores), mas, quem sabe, talvez provoque neles um sorriso e dizem que o riso é a distância mais curta entre as pessoas. E, se não consegue chegar a todo o mundo, ao menos que divirta os poucos infelizes que a lêem.

“Nem tenho versos, de tão comovido/Que fico a olhar de longe tal grandeza.”

No dia do aniversário, o amigo Marques esteve em Santa Eulália a acompanhar e a transmitir para todos os leitores o relato online do jogo do CCD. Passo a passo, jogada a jogada, golo a golo, lá fomos vibrando, torcendo e sofrendo pelo clube, rumo à vitória. Como se estivéssemos a assistir ao vivo. Melhor ainda, porque nos livramos de ouvir os impropérios e de engolir o pó que o campo de jogos ainda solta. Mas que para o ano, graças ao sonho de muitos e ao esforço de alguns (e à contribuição de nós todos) deixará de soltar, após ser instalado o sintético.

“Quem te pode cantar, depois do canto/que deste à pátria, que to não merece? …”

E a trabalhar esforçadamente, festejou o aniversário do “filho”. Afastado da família com quem gostaria, certamente, de partilhar este êxito pessoal, na calma e aconchego do lar, mas imbuído do espírito de missão que o obriga a calcorrear o país (tanto o leva a Trás-os-Montes como ao Alentejo ou à Madeira, à tasca mais humilde ou ao hotel mais luxuoso) à procura de informações. E isto sim (digo eu!), isto é serviço público. Não é como a rádio Vizela, onde ficam à espera que as notícias lhes caiam do céu para o estúdio, e as vão actualizando quando lhes apetece, às vezes com um ou dois dias de atraso. Para não falar de outros, que mais não conseguiram do que uma página no Facebook...

E, por falar em RV, desculpem se me estou a intrometer nas funções de director, mas este repórter está subaproveitado. Um homem que é tu-cá-tu-lá com presidentes, ex-presidentes e outros (tu)barões cá do sítio, não pode ficar limitado a contar anedotas nem circunscrito à Praga da República. Merece mais, muito mais! Como prova o sucesso do seu projecto a solo.

“Chamar-te génio é justo, mas é pouco…”

O sucesso de algo revela-se, não apenas, na soma das suas partes, mas, e sobretudo, quando a obra ultrapassa o autor. E embora o DDV e o Marques se confundam, o jornal online atinge (hoje) zonas e populações que nem o autor ousaria sonhar. E, se nem sempre, a popularidade é sinónimo de qualidade, que melhor barómetro existe para avaliar os termos do sucesso?

“Chamar-te herói, é dar-te um só poder”

Pois, que continue a escrever, é o que lhe desejo. Não como um auto-de-fé (cruzes canhoto! não estamos nesse tempo… se bem que outros Torquemadas se adivinhem…), mas antes como um acto de amor ou uma arma de arremesso. E que o nosso querido DDV continue (não só outros sete anos mas setenta vezes sete, como diz na Bíblia) a ser o arauto da boa nova. E, é claro, consigo a director. Não abdique. Se é contra o aborto não pode ser a favor da cedência da responsabilidade do poder paternal.

“Sirva, pois, de poema este respeito/que te devo e professo…”

Mas se tiver que ser (por vontade própria ou por pressão externa), o importante é que consigo ou sensigo o rio continue a correr. Que não tenha o destino do outro (o nosso Vizela) que tão bem cantou e imortalizou em vídeos e fotos de uma beleza (e tranquilidade) sem igual. Cujas águas (outrora cristalinas) e agora "sangrentas, revoltadas, (como que) gritam a Deus a bênção de uma fonte!" Isto é, da chuva ou de um milagre...

 PS: Este post, por razões técnicas a que a autora é alheia, e que não interessam para o caso, saiu com algum atraso em relação ao previsto, e à data que se impunha. Por esse motivo, peço desculpa e a compreensão, não só do aniversariante mas também dos meus possíveis leitores. 
Tentei, em jeito de obséquio, escrever este prolixo texto a plagiar o estilo ligeiro e parentético do homenageado. Se o consegui ou não, é secundário. Eu fiz o que pude, mas estou ciente das minhas limitações e, na minha humildade, sei reconhecer que o talento não é para todos. 
“…O sol da inspiração que acendo e que levanto/chega aos teus pés e como que arrefece.”

Agora quero ler o resto!