7 de dezembro de 2010

Cartas de amor, quem as não tem?

PP, meu herói,

Ó rico (posso tratá-lo assim?), tenho pena que não venha a ler estas linhas, já que, segundo diz, não liga a estas mariquices dos blogues. Mas espero que alguém lhe conte. As pessoas da sua posição têm sempre alguém que lhes conta os pormenores.

O rico, na Assembleia, transfigurou-se. Imponente e tonitruante. De dedo em riste e de palavra certeira a desmontar a teoria da cabala. E fulminante “quem pagou fomos nós!”.“Nós e só nós”… Vós, os dois, sentados lado a lado, você e o seu lacaio, dom Quixote e Sancho Pança, se bem que fisicamente o oposto das figuras de Cervantes. E, como se vê nas fotografias, os dois, meditabundos, trocando ideias e acertando agulhas para acertar o passo ao novo-rico. E reduzi-lo à sua verdadeira dimensão. Que os homens não se medem pelo brilho dos discursos nem pelo tamanho das garagens. É nestas horas que se conhecem os homens. E você é um homem com h grande.

Confesso, rico, que nunca o admirei tanto como nesse dia.

Você, rico, tem obra feita. Ao contrário de outros, você é um empresário. Não interessa que a clínica esteja às moscas, que a discoteca seja um clube para crianças ou que a empresa fosse herdada. Tem anos de traquejo e larga experiência de vida. Tantas qualidades que o dinheiro não outorga.

E, acima de tudo, é um verdadeiro presidente. Um currículo de dez anos à frente do Vizela não é para qualquer um. Só lhe faltou a subida… a subidazinha por que tanto porfiou, para marcar a sua passagem pelo clube. Deixou, porém, outras marcas - as da ambição e do sonho desmedido. E a gratidão dos jogadores e treinadores que cá passaram. Aos quais ofereceu balúrdios e não ficou a dever um cêntimo, segundo consta. Mesmo aos que despediu com justa causa.

Tantos anos. Tantos sacrifícios. Tantas horas roubadas à rotina familiar e ao aconchego do lar. O futuro ainda lhe há-de dar razão. A razão que os tribunais lhe negaram no apito dourado, maculando-o, antes, com o estigma da descida. E o de quase ter aniquilado o clube. Isso e os 4 mil euros que a Câmara lhe negou. E as infâmias que o vereador lhe deu em troca. Eram estorvos a mais para uma pessoa só – todos o reconhecem.

Mas agora está na hora de voltar.

O Vizela precisa de si. Os verdadeiros apoiantes não querem saber de dívidas – querem que lhes prometa glórias. Os sócios exigem o seu regresso. Alguém o deve ter informado do resultado do inquérito do seu amigo de infância. Volte presidente! Diz o povo que não há duas sem três. E às três será de vez! Afinal falta tão pouco…

Beijos da

Clarinha

PS – E acrescento, querido (posso tratá-lo assim? A rica não se importa?): mesmo não voltando à presidência, pode sempre contar comigo. Eu dou consigo as voltas que quiser. Não farei como algumas que disfarçam e tapam a cara quando passeiam consigo. Eu não serei como essas - sentirei orgulho em ser vista a seu lado.

Sem comentários:

Enviar um comentário