7 de dezembro de 2010

COOPAMIJAR quer ser reconhecida

A COOPAMIJAR, isto é, a Cooperativa dos Apanhadores de Minhocas do Jardim, requereu esta semana junto da CM Vizela, com carácter de urgência, o reconhecimento do estatuto de associação de utilidade pública. Esta pressa deve-se à necessidade de se ver legalmente constituída antes do final do ano de modo a poder ser beneficiada no Plano e Orçamento para 2011 com os subsídios que o Município costuma atribuir a estes grupos esquisitos.

Esta associação, de carácter lúdico-cultural e desportivo, tem como objectivo a divulgação e a promoção do aproveitamento de uma espécie única da “coltora lucal” como é a minhoca (Lumbricus terrestris vizelensis). Esta espécie típica de Vizela, a par de outras como o rato-de-esgoto ou o perdigueiro (variantes locais do rattus norvegiccus e do perdigueiro português, respectivamente), é particularmente usada como isco para pesca nos rios poluídos, de que o Vizela é um bom exemplo. Ao contrário de outras zonas, a minhoca de jardim é bastante apreciada pelos peixes locais, com o paladar fortemente alterado pela exposição constante aos tintos e outros tóxicos poluentes das descargas fabris.

O requerimento consta de 3 assinaturas e destina-se a solicitar a cedência de um espaço-sede “que até pode ser o coreto” e a obter legitimidade para angariar fundos destinados à aquisição de, “entre outras necessidades que logo se verão”, artigos destinados à apanha dos anelídeos. Este material, nada de sofisticado como se pode ver, consta de ferramentas agrícolas, pazinhas, sachos, escardilhos e cavadeiras, recipientes tipo tupperware, e luvas, capas de chuva e capacetes com lanternas incorporadas (vulgo capacetes de mineiro) para permitir a apanha durante a noite. Estes membros já foram entretanto contactados pela ACIV, no sentido de exercerem simultaneamente a função de vigilantes nocturnos na zona do jardim.

Na impossibilidade de conseguirem o patrocínio de alguém bem colocado nas esferas do poder local, como reconheceu um dos promotores, “talvez devido ao esforço que a apanha da minhoca implica - que isto de vergar a espinha não é pra qualquer um”, os 3 membros decidiram avançar sozinhos e esperar o apoio da edilidade como retribuição pela fidelidade partidária da totalidade dos seus elementos.

Agora quero ler o resto!

Cartas de amor, quem as não tem?

PP, meu herói,

Ó rico (posso tratá-lo assim?), tenho pena que não venha a ler estas linhas, já que, segundo diz, não liga a estas mariquices dos blogues. Mas espero que alguém lhe conte. As pessoas da sua posição têm sempre alguém que lhes conta os pormenores.

O rico, na Assembleia, transfigurou-se. Imponente e tonitruante. De dedo em riste e de palavra certeira a desmontar a teoria da cabala. E fulminante “quem pagou fomos nós!”.“Nós e só nós”… Vós, os dois, sentados lado a lado, você e o seu lacaio, dom Quixote e Sancho Pança, se bem que fisicamente o oposto das figuras de Cervantes. E, como se vê nas fotografias, os dois, meditabundos, trocando ideias e acertando agulhas para acertar o passo ao novo-rico. E reduzi-lo à sua verdadeira dimensão. Que os homens não se medem pelo brilho dos discursos nem pelo tamanho das garagens. É nestas horas que se conhecem os homens. E você é um homem com h grande.

Confesso, rico, que nunca o admirei tanto como nesse dia.

Você, rico, tem obra feita. Ao contrário de outros, você é um empresário. Não interessa que a clínica esteja às moscas, que a discoteca seja um clube para crianças ou que a empresa fosse herdada. Tem anos de traquejo e larga experiência de vida. Tantas qualidades que o dinheiro não outorga.

E, acima de tudo, é um verdadeiro presidente. Um currículo de dez anos à frente do Vizela não é para qualquer um. Só lhe faltou a subida… a subidazinha por que tanto porfiou, para marcar a sua passagem pelo clube. Deixou, porém, outras marcas - as da ambição e do sonho desmedido. E a gratidão dos jogadores e treinadores que cá passaram. Aos quais ofereceu balúrdios e não ficou a dever um cêntimo, segundo consta. Mesmo aos que despediu com justa causa.

Tantos anos. Tantos sacrifícios. Tantas horas roubadas à rotina familiar e ao aconchego do lar. O futuro ainda lhe há-de dar razão. A razão que os tribunais lhe negaram no apito dourado, maculando-o, antes, com o estigma da descida. E o de quase ter aniquilado o clube. Isso e os 4 mil euros que a Câmara lhe negou. E as infâmias que o vereador lhe deu em troca. Eram estorvos a mais para uma pessoa só – todos o reconhecem.

Mas agora está na hora de voltar.

O Vizela precisa de si. Os verdadeiros apoiantes não querem saber de dívidas – querem que lhes prometa glórias. Os sócios exigem o seu regresso. Alguém o deve ter informado do resultado do inquérito do seu amigo de infância. Volte presidente! Diz o povo que não há duas sem três. E às três será de vez! Afinal falta tão pouco…

Beijos da

Clarinha

PS – E acrescento, querido (posso tratá-lo assim? A rica não se importa?): mesmo não voltando à presidência, pode sempre contar comigo. Eu dou consigo as voltas que quiser. Não farei como algumas que disfarçam e tapam a cara quando passeiam consigo. Eu não serei como essas - sentirei orgulho em ser vista a seu lado.

Agora quero ler o resto!