15 de agosto de 2011

Ecos de Vizela


Por me encontrar distante do torrão natal, tal como tinha ameaçado no último post, não pude degustar devidamente as nossas festas. Mas pelas informações que fui colhendo (nem todas dignas de crédito - é verdade), verifiquei que, apesar dos cortes no orçamento, mantiveram o brilho e a mediatização habituais. Portanto está de parabéns a comissão que a câmara incumbiu de tão espinhosa tarefa. Pelos vistos, a sua actuação, já que falamos de festas, não ficou a dever nada à dos anteriores dinossauros.
Ontem, no dia da passagem do Cortejo, ouvi a última parte do relato em directo através da RV online. Gostava de poder exprimir em palavras toda a emoção que senti e que ainda me enovela a garganta. Apenas consigo balbuciar um grande bem-haja a quem apesar da hora tardia não quis privar os milhares de vizelenses espalhados pelo mundo, das emoções ao vivo de um cortejo memorável. “O melhor de sempre”, na opinião douta e insuspeita do presidente da edilidade. Que aproveitou para tecer palavras de louvor e encorajamento à juventude. Estes elogios foram, aliás, glosados por todos os entrevistados, assim como os dirigidos à organização, ao grupo de samba e às majorettes. Vizela dos Tempos Idos, sempre jovem. E renovando-se a cada ano para gáudio dos “milhares de dezenas” de visitantes, nas palavras do repórter Marinho, que se acotovelaram e pisaram, mais ou menos educadamente, para assistir às habituais faenas do Pecos, ao passeio compenetrado do turista Toninho Nabiça e às demais tropelias dos restantes folgazões. E não se furtaram, com certeza, os espectadores de, com lúbricos e esquivos olhares, ir catrapiscando as rechonchudas pernas das petizas da fanfarra. 

Quanto à organização, reconheço que não teve tarefa fácil. É obra arranjar espaço para as dezenas de esplanadas que povoaram as praças e ruas, as tômbolas, em número crescente e que constituem já um ex-libris das festas, os pavilhões da feira da artesanato, as pistas dos carrosséis, as tabancas dos ambulantes que em qualquer canto se armam, os vendedores espontâneos que medram como cogumelos, as barracas das cervejas, e por último, os milhares de cadeiras, bancos, escabelos, tamboretes, cadeirões, e todo o tipo de assentos que, como é costume, ornaram desde manhãzinha os passeios das ruas onde passava o cortejo. Bem fez a Fernandinha Labita que, há largos meses, vem reservando o lugar… 
Aliás, eu sempre pensei, de acordo com o que me foi chegando, que, mais dia, menos dia, a protecção civil divulgasse um edital a alertar os peões para os perigos da circulação nos passeios de Vizela. O que não veio a acontecer, não sei porquê. Pois é, preocupam-se com as vagas de frio e calor e estas até não duram tanto tempo… 
Eu, antes de regressar, vou dar ainda tempo para que as nossas zelosas brigadas de limpeza expurguem devidamente os vestígios dos bacanais e desinfectem convenientemente as esquinas para as libertar do cheiro característico de uma cidade que tem apenas um par de urinóis públicos pudicamente camuflados. 
Quanto ao resto, a semana não foi pródiga em acontecimentos de relevo. Baseando-me no DDV, apurei que houve a apresentação da nova fanfarra dos irmãos Peixoto aos patrocinadores. O mesmo diário serviu-me a informação de que o presidente da câmara não vai de férias - talvez espere, como o resto dos munícipes, pela abertura da praia fluvial da Cascalheira… ou talvez já esteja a deitar contas à vida calculando o valor do subsídio que irá ter que negociar com a nova associação que entretanto foi criada em Vizela. A qual também mereceu honras de notícia, a par de outras informações, tais como falecimentos, resultados desportivos, anúncios variados, e um slide evocativo das festas de Santa Eulália, em cuja legenda se celebra a união entre os eulalense na formação da respectiva comissão de festas. Que, pela peculiaridade de ter “juntado políticos de esquerda e de direita devia ser um exemplo a seguir em todos os pontos deste País”. Mais uma vez, damos o exemplo ao mundo.
Deduzi também pela falta de reportação que, pela segunda semana consecutiva, ninguém se demitiu do FC Vizela. Talvez devido ao êxito da campanha dos azulejos, que uma comissão de beneméritos decidiu levar a cabo durante as festas. Eu sempre pensei que fossem optar por tijolos e cimento para tapar as ruínas das bancadas, mas escolheram os ladrilhos… Compreende-se, sempre fica mais limpo. Já agora, lanço um alerta à comissão: antes de fechar as contas, retirem o suficiente para pagar os azulejos. Não façam como aquele director que, ao que consta, ficou a dever os materiais que meteu na bancada nova…
Quanto ao futebol, propriamente dito, Quim Berto, o novo capataz nomeado por Agostinho Oliveira, mais a sua equipa de tarefeiros repescados, com mais empate menos empate, lá vai levando a cruz ao calvário. Ou como tinha prometido o ex-atleta no dia da apresentação, vai executando “a difícil tarefa de arrumar a casa e trabalhar para a obtenção de resultados com dedicação e trabalho e viver um dia de cada vez”. Pois, sem a presença do pessoal auxiliar, que entretanto abandonou o clube, não deve ser fácil ter a casa arrumada e projectar o dia seguinte. 
E assim vai o nosso clube. Dizem que há quem prefira morrer de pé do que viver de joelhos. O vizelinha vai sobrevivendo. Como os patinhos: cabeça para baixo, rabinho para o ar. Oxalá não falte a vaselina!

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