31 de agosto de 2011

(Novas) Guerras do Alecrim e Manjerona


Enquanto o presidente da câmara no sossego do seu gabinete analisava e revia dossiers preparando o novo ano, uma ameaça etérea alastrava pela cidade e ameaçava corroer a paz e a ordem do município.

Uma autêntica luta fratricida dividia a sociedade vizelense, esbatendo o arroubo colectivo das festas e das vitórias dos nossos minigolfistas. Uma guerrilha muda e persistente entre os adeptos de duas fanfarras, com alguns infiltrados à mistura, demonstrava os méritos de alguns fanfarrões. Convém realçar que esta guerra não é travada com metralhadoras nem granadas, mas antes em forma de mortíferos comentários impregnados de veneno e de erros de ortografia. Os quais exigem muito mais esforço e devoção. E que devidamente estudados, por quem tenha paciência para os decifrar, podem passar a constituir o maior repositório de calinadas da paróquia. Além de serem, simultâneamente, candidatos ao prémio da mais longa série de arrotos escriturados do século. 


Dada a importância do caso, vários analistas se debruçaram sobre o assunto. Uns viram no caso, uma  versão musical do eterno mito de Édipo. Outros, mais terra-a-terra, apenas descortinaram razões mesquinhas, ódios antigos e recalcamentos. Mas todos eles prevêem uma longa e penosa contenda. 
Seja como for, os dados estão lançados. E queira Deus que tudo fique pelas palavras (mal) escritas. E não venhamos a ter uma batalha campal de instrumentos musicais usados fora de contexto. Se bem que, neste caso, a força dos argumentos não tenha comparação. O favoritismo iria inteirinho para a família Peixoto, basta ver a quantidade de macetas que os exímios tocadores de bombos possuem no seu grupo.
Entretanto, como factor de promoção (ou retaliação) a fanfarra dos bombeiros está a pensar criar um corpo de majorettes. Ainda não há prazo para inscrições, porque o assunto irá ser discutido internamente na Associação, como mandam as regras. Mas um responsável já nos afiançou que a ideia é para levar para a frente: “nem que tenham que fazer uso das bombeiras” (confesso que não sei se é assim que se designam) - “até porque as fardas não as favorecem e já estamos fartos de ouvi-las reclamar”. "E bem sabemos como são as mulheres..."

Mais trabalhosa se prefigura a resposta dos Peixotos. Não será fácil formarem, também eles, um serviço de ambulâncias. E daí…? Afinal, a maior parte deles já passou (ou passa) pelos bombeiros - a missão não lhes é, de todo, estranha. E como parece, os outros, mesmo sendo os melhores do mundo, às vezes demoram 15 minutos a chegar à Cruz Caída, caso os Peixotos arranjem uma sede, por exemplo, na Quinta do Poço Quente onde não falta terreno, sempre podiam controlar melhor essa zona da cidade. 

Remato com a única frase que me vem à ideia quando matuto no assunto: “Ditosa terra que tais filhos tem!”

1 comentário:

  1. Gostava de republicar estes textos no planoclaro.blogspot.com

    Ou até lhe fazer o convite para publicar lá!

    que me diz?

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