Enquanto o presidente da câmara no sossego do seu gabinete analisava e revia dossiers preparando o novo ano, uma ameaça etérea alastrava pela cidade e ameaçava corroer a paz e a ordem do município.
Uma autêntica luta fratricida dividia a sociedade vizelense, esbatendo o arroubo colectivo das festas e das vitórias dos nossos minigolfistas. Uma guerrilha muda e persistente entre os adeptos de duas fanfarras, com alguns infiltrados à mistura, demonstrava os méritos de alguns fanfarrões. Convém realçar que esta guerra não é travada com metralhadoras nem granadas, mas antes em forma de mortíferos comentários impregnados de veneno e de erros de ortografia. Os quais exigem muito mais esforço e devoção. E que devidamente estudados, por quem tenha paciência para os decifrar, podem passar a constituir o maior repositório de calinadas da paróquia. Além de serem, simultâneamente, candidatos ao prémio da mais longa série de arrotos escriturados do século.
Dada a importância do caso, vários analistas se debruçaram sobre o assunto. Uns viram no caso, uma versão musical do eterno mito de Édipo. Outros, mais terra-a-terra, apenas descortinaram razões mesquinhas, ódios antigos e recalcamentos. Mas todos eles prevêem uma longa e penosa contenda.
Seja como for, os dados estão lançados. E queira Deus que tudo fique pelas palavras (mal) escritas. E não venhamos a ter uma batalha campal de instrumentos musicais usados fora de contexto. Se bem que, neste caso, a força dos argumentos não tenha comparação. O favoritismo iria inteirinho para a família Peixoto, basta ver a quantidade de macetas que os exímios tocadores de bombos possuem no seu grupo.
Seja como for, os dados estão lançados. E queira Deus que tudo fique pelas palavras (mal) escritas. E não venhamos a ter uma batalha campal de instrumentos musicais usados fora de contexto. Se bem que, neste caso, a força dos argumentos não tenha comparação. O favoritismo iria inteirinho para a família Peixoto, basta ver a quantidade de macetas que os exímios tocadores de bombos possuem no seu grupo.
Entretanto, como factor de promoção (ou retaliação) a fanfarra dos bombeiros está a pensar criar um corpo de majorettes. Ainda não há prazo para inscrições, porque o assunto irá ser discutido internamente na Associação, como mandam as regras. Mas um responsável já nos afiançou que a ideia é para levar para a frente: “nem que tenham que fazer uso das bombeiras” (confesso que não sei se é assim que se designam) - “até porque as fardas não as favorecem e já estamos fartos de ouvi-las reclamar”. "E bem sabemos como são as mulheres..."
Mais trabalhosa se prefigura a resposta dos Peixotos. Não será fácil formarem, também eles, um serviço de ambulâncias. E daí…? Afinal, a maior parte deles já passou (ou passa) pelos bombeiros - a missão não lhes é, de todo, estranha. E como parece, os outros, mesmo sendo os melhores do mundo, às vezes demoram 15 minutos a chegar à Cruz Caída, caso os Peixotos arranjem uma sede, por exemplo, na Quinta do Poço Quente onde não falta terreno, sempre podiam controlar melhor essa zona da cidade.
Gostava de republicar estes textos no planoclaro.blogspot.com
ResponderEliminarOu até lhe fazer o convite para publicar lá!
que me diz?