8 de outubro de 2011

Desesperado Q.B., FCV procura primeira vitória


Impaciente em obter uma vitória que permita à equipa fugir dos últimos lugares, Quim Berto pensa ter encontrado a solução para o problema que lhe vem perturbando o sono e o devido gozo do estatuto alcançado. É verdade, que se trata de uma experiência arriscada - diferente da vulgar, e nem sempre vantajosa, troca de treinador. No entanto, o jovem técnico acredita que lhe pode trazer os resultados pretendidos.

Mas vamos por partes…



Após quatro jornadas, em que logrou dois magros pontitos, o técnico, desesperado, reuniu com o staff técnico, na procura de soluções. Feita a análise do plantel, reconheceram-lhe não só uma verdura exagerada mas também a falta de goleadores. Convencidos de que não podem esperar, de Braga, nem bom vento, nem bom casamento, equacionaram, numa primeira hipótese, recorrer a antigos atletas do clube que pudessem dar uma ajuda de pro bono. Ou seja, fazer uma perninha aos domingos e serem recompensados com as ovações e os aplausos de que já sentem falta. Mas dos três que apareceram, nenhum estava em condições de, no imediato, ganhar lugar no onze. “Gordos como vacas… nem os equipamentos lhes serviam… deviam ir mas é para o Peso Pesado...!”, desabafou o treinador.

Assim sendo, e sem dar cavaco a ninguém, o técnico decidiu consultar o velho mestre, raposa matreira, perito em questões tácticas. E também celebrizado pelo admirável uso de cambiantes linguísticos e excêntricas construções perifrásticas. O qual, refira-se, embora sem pertinência para o assunto que nos interessa, se dedica actualmente, na falta de melhor ocupação, a elaborar um obra literária intitulada, “Manual de Réplicas Desconcertantes a Quesitos Boçais – O manuel-machadês ao alcance de todos”. 

Inovador como sempre, o professor aconselhou o discípulo a ensaiar o esquema que valeu ao seu Vitória a única vitória no campeonato. E explicou, cientificamente, aquilo que todos viram e que julgaram tratar-se de hooliganismo simples. A manobra consiste numa invasão do treino por alguns indivíduos, supostos apoiantes do clube, que, por entre bocas, tabefes e biqueiros, assustam os atletas, provocando-lhes um aumento súbito dos níveis de adrenalina, capaz de produzir, no breve prazo, proezas inesperadas. “Mas atenção, que os pressupostos subjacentes apenas asseveram um nexo positivo de causalidade num plano temporal reduzido. Outrossim e caso os argumentos se colocassem numa esfera divergente, o Vitória almejaria, no presente, a inclusão no agregado de equipas que projectam a preeminência no arrolamento classificativo e encontrar-se-ia dissociado da excruciante conjuntura inerente às colectividades que se quedam na parte terminal da tabela.”, rematou.

Quim Berto, arrebatado pela magnitude do saber do mestre ou apenas atordoado com a esdrúxula linguagem, decidiu, de imediato, passar ao plano prático. O que nem foi difícil, pois os seus bons conhecimentos da realidade vimaranense permitiram-lhe rapidamente identificar os indivíduos certos e já calejados da intervenção na Unidade. Todavia, ciente dos riscos que a operação envolve, optou por comunicar antecipadamente a intenção ao seu presidente e a Agostinho Oliveira. Este, porém, torceu o nariz e exprimiu certas reservas, demonstrando, nomeadamente, o receio de que a bem conhecida animosidade entre as forças envolvidas, possa estimular nos invasores uma dose extra de motivação capaz de encolher ainda mais o lote de atletas disponíveis. E tranquilizou o treinador, dizendo para este não se preocupar demasiado com a falta de pontos” pois, independentemente dos resultados, para o ano arranja-se sempre um lugarzito, lá por Braga…”.

Contudo os argumentos não convenceram o jovem treinador, para quem apresentar resultados positivos, no primeiro ano de actividade é, mais que um imperativo profissional, uma questão de honra. E, cansado de esperar pela decisão do presidente do clube, ciente de que o tempo urge, o técnico confidenciou-me estar disposto a avançar sozinho e a pôr o plano em prática. Só não diz quando, “para não estragar o efeito-surpresa.”

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