15 de junho de 2011

Estará para breve a criação de um novo departamento na CMV?

Ao verificar que não vai conseguir realizar todas as obras que constavam do caderno de encargos distribuído à população sob o título “Programa autárquico 2009-2013”, o presidente da CMV tem em vista a criação de um novo departamento no executivo. Este trabalhará ligado ao pelouro das obras municipais, mas apenas vocacionado para a alta tecnologia.

A ser criado, o futuro departamento de produção virtual dedicar-se-á, em exclusivo, à criação de hologramas que permitam recriar as obras que, por motivos vários, não puderem ser executadas a tempo.

Um especialista que o presidente mandou vir expressamente do Japão, mas que ainda não foi contratado – “porque isto agora pia fino”, foi questionado na entrevista de apresentação acerca da viabilidade da ideia.  

Deixando de lado as obras menores, como a construção do canil municipal ou do ecocentro, a atenção do presidente esteve focalizada nas construções de grande porte, como a recuperação da Praça da República, do castelo da ponte, a construção do pavilhão municipal, do parque de desportos radicais, das piscinas municipais, ou a conclusão do edifício-sede do município.

O técnico a tudo respondeu com propriedade e sabedoria e foi debitando informação e pormenores, a que apenas eu e o presidente tivemos acesso.

Primeiro, expressou a ideia que era um projecto inovador que traria ao seu promotor imensa notoriedade e reconhecimento: “só ao alcance da visão futurista de um Sócrates ou de um Marquês do Pombal”.

A seguir, mostrou sérias reservas relativamente à execução de certos trabalhos, nomeadamente a questão das piscinas municipais. Alegou temer que a imagem produzida possa induzir em erro, e exigiu que, no mínimo, o projecção do holograma se realizasse num piso macio, de preferência relvado, ou não se responsabilizaria por eventuais acidentes, tipo cabeças partidas e traumatismos variados, causados a pessoas que não sabendo distinguir o virtual do real, mergulhassem de cabeça nas águas a fingir.

O presidente que, de maneira alguma, quer ver o executivo metido em processos judiciais desse género, comprometeu-se a reexaminar o assunto e possivelmente vai abandonar a ideia.  

Em relação a outras, o perito considerou-as perfeitamente exequíveis. E se a utilização ou a funcionalidade não forem uma questão prioritária, acha-se perfeitamente capaz de dar conta do recado.

Só que, informou, tudo junto é projecto para durar 5 anos, e não consegue, de momento, estimar a totalidade dos custos.

O autarca ainda inquiriu se era possível fazer o pagamento dos subsídios às associações ou dos débitos aos fornecedores através desse processo, “o que resolveria de forma definitiva o buraco financeiro da autarquia”.

Talvez por recear que lhe fosse aplicado o mesmo tratamento ou que a questão não passasse de pura brincadeira, o técnico replicou, a sorrir, que isso não era possível, até por ser contrária à lei.

Em jeito de desabafo, o presidente exclamou: “ Que pena! Assim, ainda era capaz de resolver os problemas de tesouraria da câmara. E talvez, até conseguisse entregar aos bombeiros o auto-tanque de 10.000 litros que lhes prometi há tanto tempo…”

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