18 de setembro de 2010

Um estranho devoto

Sérgio C., o director-geral do FCV e homem de mão do presidente do clube, tem sido visto nos últimos tempos em caminhadas esforçadas até ao cimo do monte de S. Bento. Devidamente equipado com as cores do clube, ao fim da tarde, sai do estádio e faz-se ao caminho. Ora sabendo que o homem, embora proveniente de uma família religiosa, não é propriamente uma pessoa devotado às coisas da igreja nem apegado aos santos, procuramos saber as razões para tal romagem.

Isto deve-se, segundo consta, às ameaças do presidente de “que ou isto muda ou vai tudo pró maneta” (maneta é o sinónimo admitido pelas regras da decência para um substantivo começado por c).

Tomando como exemplo o seu mestre, o presidente Salvador do SCB, o homem não dá descanso aos seus subalternos. Cada derrota é recebida com um acesso de fúria e é mais uma espada a pairar sobre a cabeça dos seus serviçais.

Nem os cobradores escapam. Até o Pereira com mais de 50 anos ao serviço do clube foi despedido. Ou reformado compulsivamente, o que vai dar ao mesmo. Embora, convém dizer a bem da verdade, que isso não lhe alterou os hábitos nem o horário de sempre: continua a passar as tardes no café da sede. Com uma ligeira diferença, agora o clube não lhe paga as horas que passa sentado a ler o jornal ou a ver os jogos de dominó.

Entretanto o director confidenciou a amigos em conversa de café, numa esplanada do Forúm : “Nem nos tempos de guarda-redes sentia tal pressão. Preferia voltar a enfrentar o Fernando Gomes ou o Jordão do que aturar a azia do presidente depois das derrotas.” “Por isso prometi ao São Bentinho lá ir todas as semanas, se o vizelinha não perder. E se for campeão até vou a Fátima a pé. Ou a Santiago que é mais selecto e já ajudou o Vitória uma vez."

Falta saber se o que o faz andar é a fé no santo ou o receio de perder o tacho.

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