16 de setembro de 2010

Zona oeste de Vizela quer formar nova paróquia

Depois de um conjunto de senhoras idosas ter iniciado a contestação, devido à distância e aos obstáculos que as separam da igreja da freguesia, e que lhes dificulta o cumprimento das obrigações religiosas, um agrupamento de moradores dos lugares da Vista Alegre, Teixugueiras, Mato, Polés e Aldeia, decidiu formar uma associação cujo único objectivo é a sua separação da freguesia de S. Miguel e a formação de uma nova paróquia.

Em requerimento enviado a Sua Excelência Reverendíssima, o Arcebispo Primaz de Braga, o movimento, denominado “Católicos Unidos Contra o Isolamento” reivindica a construção de uma nova igreja, assim como a colocação de um sacerdote.

O arcebispo, em nota pastoral enviada ao pároco de S. Miguel e que irá ser lida nas missas do próximo fim-de-semana, mostra-se contrário a esta pretensão, não só pelo que “revela de falta de fidelidade e de confiança no actual pároco, como também pela dificuldade de, neste tempo de falta de vocações, encontrar um padre disponível para pastorear o novo rebanho”.

A senhora Rosa dos Anjos, mais conhecida por “Rosa do Soalheiro”, e promotora da iniciativa afirmou (entre outras centenas de frases que por necessidade de limitação de espaço somos forçados a omitir): “a nós, as beatas, pouco mais resta como divertimento, além das tardes da Júlia, que os dois dedos de conversa que damos no fim da missa com as comadres…agora com a construção da linha do comboio até isso nos tiraram… temos que nos meter nos túneis e nos passadiços para ir à outra banda… isso já não é pra gente da nossa idade… dantes inda tínhamos a missa no hospital, agora nem isso… nem as procissões vêm a este lado… e depois ainda se queixam que vai pouca gente à igreja“

A senhora Rosa, que conta no currículo a impressionante soma de “pra cima de” 25.000 missas (e mais seriam não fosse a dificuldade de nestes últimos anos se deslocar à igreja desde que a reconstrução da linha férrea dividiu a cidade a meio), e sabe o ritual da dita cuja de trás para a frente, quer a do Novus Ordo Missae quer a missa tridentina, incluindo as leituras mais populares dos evangelhos e as 13 cartas do Novo Testamento atribuídas a S. Paulo, já se ofereceu, em caso de recusa das autoridades eclesiásticas, para rezar a missa, “até ao ar livre, se for preciso” e colmatar a ausência de um padre a sério.

Alertada para a possibilidade de incorrer em excomunhão por a Igreja Católica considerar a ordenação de mulheres-padre e a celebração da eucaristia por mulheres, “um delito grave contra a fé, à semelhança da heresia e do cisma”, a dita senhora comentou: “ então que venha o papa dizer a missa… ou pensa que é só andar de palanque e assomar à varanda nos dias de festa?…”

Divisão há quanto ao nome do santo patrono da nova freguesia; uns preferem S. Francisco em homenagem a um ex-morador a quem são atribuídos diversas obras de caridade e quiçá milagres, outros inclinam-se para S. Dinis, o actual padroeiro. Como solução intermédia, há quem sugira Francisco Dinis que até é um nome moderno e de acordo com as novas modas.

Fontes próximas da CMV dizem que, por seu lado, as autoridades civis vêem com bons olhos esta iniciativa. Inclusive, pensam aperfeiçoá-la, introduzindo-lhe pequenas alterações. Uma das quais seria a inclusão dos lugares das Barrocas e da Rechã no movimento. Para além de praticamente assegurarem a eleição de mais um presidente da junta, cor-de-rosa, esse poderá ser o factor que, num futuro próximo, permita a integração do lugar e da população de Pereirinhas no concelho de Vizela, uma ambição antiga de todos os vizelenses.

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