4 de abril de 2011

O regresso da Clarinha

Ainda a recuperar de uma depressão provocada pela maliciosa campanha contra mim, eu estou de volta. E interrogo-me que mente perversa, só para me intimidar, se lembraria de desenterrar uma fase da minha vida tão vexatória. E que tantos traumas deixou. “Clarinha, a toupeira, quatro-olhos, a choninhas da fila da frente, a papa ranho, pé de chumbo”, tudo alcunhas maldosas de que eu já nem me lembrava e que tantas lágrimas me custaram, tantas humilhações me provocaram… E quantas sessões em anos de terapia não foram precisas para as sublimar.

E que agora me valeram este tempo de afastamento dos meus fiéis leitores. 

Mas regresso com ganas de compensar o tempo perdido. Quatro meses. Até nisso fui grande! O tempo médio de recuperação de depressões neste país é de cerca de 6 anos, de acordo com um estudo elaborado pelo SNS. Mas todos sabemos o que valem os relatórios, estudos e estatísticas neste país: pouca fiabilidade e credibilidade nula. Se fizéssemos fé nos relatórios do governo nem sentíamos a crise. 

E o que é a minha crise comparada à crise geral que afecta o país e o mundo? Numa altura crucial para o destino da pátria, num tempo em que se joga aos dados por essa Europa fora a sorte do meu país e a sua existência como estado soberano, eu quero estar alerta e consciente. A voz livre, incómoda e estridente da Clarinha far-se-á ouvir. Como uma trombeta celestial a exortar os infiéis ao arrependimento, e os justos à penitência e à austeridade.

Voltando ao meu caso, sinto-me melhor mas passei a contribuir para o aumento do consumo de anti-depressivos neste país de faz-de-conta. Por ordem do médico de família que me obriga a consultá-lo de 3 em 3 meses e unicamente para me assinar as receitas. 

Estou muitíssimo grata a todos os que ajudaram à minha recuperação, e não quero deixar passar a oportunidade de lhes agradecer publicamente: 

-ao meu marido, meu esteio, minha barra no ballet da vida, o amor e carinho infindáveis; 

-aos meus pais o dom da vida e a ajuda monetária sem a qual já teríamos devolvido a casa ao banco; 

-ao meu cão, a companhia e as brincadeiras que já me custaram 3 abat-jours, um sofá e uma cobertura de cama; 

-aos meus professores de português o apego à língua, as lições de gramática, e a aversão aos “Lusíadas” …

Oh, desculpem, a minha mente ainda não está perfeita e pensei que estava na cerimónia da entrega dos prémios da RV.

Finalmente, como foi revelada a minha verdadeira profissão, estou a pensar mudar o título do blogue para “pirouettes et battements”. 

Agora vejam as imagens e digam lá se não se trata de uma campanha despudorada e do mais baixo nível:


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