19 de maio de 2011

PSD, ou a Nobre arte política da cambalhota

Causou surpresa a mudança do sentido de voto da coligação sobre o chamado acordo das Termas, na última AMV. Depois de se ter abstido na reunião de câmara, a força política agrupada sob a lema de “Vizela para todos”, acabou por votar favoravelmente o “ponto único da ordem de trabalhos da assembleia municipal de Vizela que se reuniu de forma extraordinária no auditório dos bombeiros voluntários, no dia 16 de Maio de 2011 pelas 21:30 horas” – tal como descreve o RV.

À saída da reunião eram muitos os que se interrogavam acerca da súbita e inesperada pirueta a que tinham acabado de assistir.

Havia quem apostasse (os ingénuos nativos), num súbito acesso de bairrismo que houvesse inundado de repente as mentes e os corações dos deputados oposicionistas. Outros, perversos e de má-índole, logo agitaram a sombra do suborno e da corrupção. Mas com quê? Um voucher para banhos de lama e irrigações? Isso até a Resgate consegue através de receita médica e não se correm riscos…
Houve até (os crentes do costume) quem aventasse a hipótese de um milagre da senhora de Fátima, que após a conversão da Rússia anda mais virada para as coisas miúdas. E desta ninguém os tira. 

Mas o que adiante se conta é bem diferente e até poderia (atenção Marinho e Pinto!) indiciar um pequeno delito de tráfico de influência. Mas num país onde os maiores corruptos andam à solta quem se atreverá a atirar uma pedrinha?

Pelo contrário e no entender da coligação, tudo não passou de colaborarem numa acção humanitária. Bem ao estilo do seu novo prosélito e candidato a presidente da Assembleia de República, o Nobre- humanista-oportunista- Fernando-de- seu-nome.

Houve efectivamente uma mãozinha da influente família Pires de Lima. Mas apenas porque deseja o melhor para um dos seus entes mais querido e frágil. Fartos e receosos por ver a Ritinha, directora-geral sem nada para dirigir, passar dias inteirinhos confinada à solidão do frio arquivo, na companhia dos livros da empresa. Aflitos, ouvindo-a soluçar de noite antecipando mais um dia sem poder ver a Fátima Lopes. Distraindo-se apenas, de quando em vez, a fazer visitas guiadas pelo balneário a candidatos a investidores e a políticos em campanha. E quando acabar a campanha, voltar ao ramerrão de fingir que trabalha. E o Verão à porta. E Moledo tão próximo.

Vá de o tio mexer os cordelinhos, uma pontinha aqui, uma sugestão ali, uma ameaça velada acolá… e eis que se faz luz nos misteriosos e insondáveis corredores do poder. A coligação engole um sapo, invoca o interesse dos vizelenses e o amor que nutre pela santa terrinha, ainda tenta tirar os louros da cabeça do Dinis, mas, entre duas cambalhotas, acaba por votar a favor.

E tudo se resolve a contento…ou quase. Será que não contavam com o Polery? Ah, mas o Pacheco pôde com ele. Talvez não tenha do outro a arte refinada da oratória mas no vernáculo bate-o bem aos pontos.

1 comentário:

  1. Não esquecer a importância da captação do voto para as legislativas ou a Coligação evoluiu, quer dizer: mudou de opinião.

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